quarta-feira, 24 de novembro de 2010

32° MORADOR DE RUA ASSACINADO EM ALAGOAS EM NOVEMBRO DE 2010.


32º morador de rua é assassinado em Alagoas.
Governador Teotonio Vilela deu prazo até o dia 22 para que todas as mortes sejam apuradas
A contagem tem sido progressiva e quase que semanalmente. No início da manhã desta segunda-feira (15/11/2010), a jovem Monique Camila dos Santos, de 21 anos, foi assassinada com vários tiros em um bairro da periferia de Alagoas. A mãe da vítima confirmou que ela tinha envolvimento com drogas. Com a morte de hoje, sobe para 32 o número de sem-tetos assassinados na capital. O governador Teotonio Viela Filho (PSDB) deu prazo até o próximo dia 22 para que a Polícia Civil conclua todos os inquéritos e aponte os autores dos homicídios.
De acordo com a mãe da jovem, Maria Nazaré da Silva, a filha saiu de casa para morar na rua no início deste ano. Monique Camila resolveu abandonar a família depois que ela se tornou usuária de drogas. A família disse não saber a quem atribuir o crime.
Curiosos que acompanhavam a ação da polícia até a chegada dos Instituto de Criminalística e Médico Legal afirmaram não ter visto o assassinato. Algumas poucas pessoas confessaram ter ouvido disparos de arma de fogo por volta das 6h da manhã, mas alegaram que, quando chegaram à rua, Monique Camila estava baleada e morta.
Também na madrugada de hoje, a polícia registrou outra violência contra sem-tetos. José Carlos Pereira, de 42 anos, catava latinhas na rua quando foi espancado pelos jovens Pedro Amaral da Silva, de 23 anos, José Jedson Guimarães dos Santos, de 21, e Edelvânio José Nascimento de Souza, de 19 anos. De acordo com agentes da Polícia Civil, os acusados voltavam de uma festa, visivelmente alcoolizados, quando avistaram o morador de rua e iniciaram o espancamento.
O sem-teto sofreu lesões por todo o corpo e foi levado para a Unidade de Emergência do Estado.
Retrospectiva
Diante da onda crescente de assassinatos de moradores de rua em Alagoas, o governador reeleito Teotonio Vilela Filho (PSDB) estabeleceu prazo até o dia 22 deste mês para que a Polícia Civil conclua e encaminhe à Justiça estadual todos os inquéritos sobre as mortes de moradores de rua, com os nomes dos executores e a motivação de cada um dos crimes.
Só agora em 2010, foram mortos 32 sem-tetos mortos. Deste total, 31 casos foram registrados em Maceió e um na cidade de Arapiraca, segunda maior do Estado. O número de assassinatos representa 10% das pessoas (300 no total) que moram nas ruas da capital alagoana, segundo a Secretaria Municipal de Assistência Social.
E para ajudar nos trabalhos de investigações o Ministério da Justiça enviou a Alagoas a Força Nacional de Segurança Pública, que está ajudando a Polícia Civil a concluir cerca de quatro mil inquéritos, entre eles, os relativos às mortes dos moradores de rua.
Grupo de extermínio

A Secretaria Nacional de Direitos Humanos, o Grupo de Combate às Organizações Criminosas do Ministério Público Estadual, a Secretaria Municipal de Direitos Humanos, Segurança Comunitária e Cidadania, a Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Alagoas (OAB-AL), e a Arquidiocese de Maceió acreditam na existência de um ‘esquadrão da morte’ que está atuando com o objetivo de ‘exterminar’ os sem-tetos das ruas de Maceió. Até o momento, apenas quatro inquéritos foram concluídos e quatro suspeitos presos.
Há duas semanas, quando esteve em Alagoas para cobrar agilidade nas investigações, Ivair Augusto dos Santos, coordenador do Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Nacional da População em Situação de Rua, ameaçou denunciar Alagoas à Organização das Nações Unidas (ONU) caso o Estado não dê celeridade à conclusão dos inquéritos policiais.
De acordo com ele, São Paulo tem mais de 13 mil sem-tetos e apenas uma chacina foi registrada em 2010. Já o município de Salvador, com quatro mil moradores de rua, teria contabilizado apenas quatro assassinatos.
O estopim para a intervenção do governo federal em Alagoas aconteceu depois da morte do 30º morador de rua, José Sérgio dos Santos, de 32 anos, que era conhecido como “Cotó”. Ele foi assassinado no dia 26 de outubro, em uma das avenidas mais movimentadas do bairo da Ponta Verde, região que tem o mais caro metro quadrado da capital. “Cotó” havia denunciado à Igreja que estava sendo ameaçado de morte.
Cinco dias depois, em 31 de outubro, o flanelinha Wanderson Bezerra Félix, o “Timbalada”, também foi morto violentamente. As duas vítimas foram assassinadas a tiros de pistola, calibre 380. A policia desconfia que a mesma arma foi utilizada nos dois crimes, já tendo sido solicitado exame de comparação balística.
A OAB/AL acredita na existência de milícias armadas que trabalham para comerciantes da capital alagoana. Já a Secretaria Nacional de Segurança Pública afirma que há grupos de extermínios formados por policiais.
OBS: Fontes desta notícia.

Janaina Ribeiro, iG Alagoas 15/11/2010 11:55

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