quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Sargento é absolvido pela Chacina de Canindé-Se

28/02/13  21h48m - Paulo Afonso - BA
Redação
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Chacina de Canindé: Sargento vai a júri 18 anos depois


Apesar de reconhecido como autor pela sobrevivente da chacina de Canindé do São Francisco, o sargento Bezerra, ex-delegado de polícia daquele município, foi absolvido em júri popular constituído nesta quarta-feira, 27. A decisão é passível de recurso. O Ministério Público tem prazo de cinco dias para se manifestar.

O corpo de jurados considerou a tese da defesa feita pelo advogado Ecliê Santos Ferreira pela negativa de autoria. Naquela chacina, ocorrida no dia 20 de janeiro de 1995, foram assassinados o vereador Ademar Rodrigues de Assis, então presidente da Câmara Municipal de Canindé, o segurança dele, Alfredo Ferreira do Nascimento Filho, conhecido como Mel, José Valter Cordeiro dos Santos e Severino Ferreira da Silva, que também trabalhavam com a família do vereador.

A defesa semeou a ideia de que a principal testemunha do crime, Gedalva Rodrigues, 48, que assistiu ao crime e era companheira do vereador morto, tinha conhecimento prévio de um plano de morte para o vereador. “Não há provas nos autos que indique que foi Bezerra um dos autores dos crimes. Todos que tiveram envolvimento foram mortos”, observou o advogado, antes do encerramento do julgamento.

Entre os mortos citados pelo advogado, estão o ex-prefeito Jorge Carvalho, o ex-delegado João Sacramento, o ex-prefeito Delmiro Miranda, Floro Calheiros e a companheira dele, Paulínea, e também o ex-delegado do município de Serrinha, no Estado da Bahia, José Carias Lima e Silva, conhecido como Zacarias, que também foi denunciado pelo Ministério Público como autor dos crimes.
Por Cássia Santana:Infonet
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Defesa diz que viúva sabia que o vereador seria assassinado

Passados 18 anos, o sargento Bezerra, então delegado de polícia do município de Canindé do São Francisco, senta no banco dos réus pela chacina ocorrida no dia 20 de janeiro de 1995 na qual quatro pessoas foram assassinadas, entre elas o vereador Ademar Rodrigues de Assis, então presidente da Câmara Municipal de Canindé.

Na execução, foram mortos o segurança do vereador, identificado como Alfredo Ferreira do Nascimento Filho, conhecido como Mel, José Valter Cordeiro dos Santos e Severino Ferreira da Silva, que também trabalhavam com a família do vereador. O crime chocou o Estado de Sergipe.

Além do sargento Bezerra, o Ministério Público denunciou o ex-delegado de polícia e ex-vereador do município de Serrinha [Estado da Bahia], José Carias Lima e Silva, conhecido como Zacarias, que já é falecido.

O julgamento do sargento Bezerra começou na manhã desta quarta-feira, 27, e não há previsão para encerramento. O corpo de jurado foi composto por uma maioria de pessoas jovens, que não vivenciou o clima de terror que tomou conta do município de Canindé nos anos 1990.

Emocionada, a viúva Gedalva Rodrigues, 48, que assistiu ao crime, não demonstrou constrangimento em prestar depoimento na frente do réu e falou por mais de duas horas, contando detalhes da chacina, reconhecendo o sargento Bezerra como um dos executores, que invadiram a casa do vereador na manhã daquele 20 de janeiro, e não soube explicar porque sobreviveu à chacina. “Teve um que mandou atirar em mim, mas um outro disse logo ‘não, a gente não veio aqui pra matar ela’”, contou, entre lágrimas. “Acho que foi Jesus Cristo”, completou.

Coação

A viúva confessou que teria sido coagida pelo grupo que tinha interesse pela morte do vereador e chegou a assinar declaração, em um escritório de advocacia em Aracaju, inocentando o sargento Bezerra. “Me deram 15 dias de prazo para eu pensar e eu assinei o documento porque não queria morrer nem ver meus filhos mortos”, contou.

Gedalva Rodrigues lembra que à época, para assinar o documento, teria sido procurada por Floro Calheiros, conhecido na região como Ricardo Barbosa, que acabou morto em confronto com a polícia federal na divisa entre os Estados da Bahia e Tocantins na madrugada do dia 10 de abril de 2011.

Os mandantes do crime não foram denunciados. Mas, no depoimento prestado nesta manhã, a viúva demonstrou convicção que a chacina teria sido articulada por um grupo político liderado pelo ex-prefeito de Canindé, Jorge Carvalho, que também já morreu. Ela cita também como mandantes a ex-prefeita Hortência Carvalho e a irmã dela Marlene Rocha.


Segundo a viúva, Marlene teria procurado o vereador e teria oferecido R$ 30 mil e um carro novo para o parlamentar desistir das denúncias, contidas em um suposto dossiê, envolvendo corrupção e desvio de recursos públicos na prefeitura local, para que ele fizesse manobras para evitar o impeachment da então prefeita Hortência  Carvalho. “Ele [Ademar Rodrigues] disse: ‘não quero esses R$ 30 mil seu’, falou que homem não se vende e ela bateu na perna dele e disse: ‘vou vencer você de qualquer maneira’ e, depois, ela saiu sorrindo”, relembra.

Defesa

A defesa do sargento Bezerra está sendo feita pelo advogado Ecliê Santos Ferreira, que aborda a negativa de autoria. “Não há provas nos autos que indique que foi Bezerra um dos autores dos crimes. Todos que tiveram envolvimento foram mortos”, observou o advogado. Ele faz referência a pelo menos sete pessoas que morreram, umas assassinadas e outras em acidentes de trânsito em circunstâncias duvidosas.  Entre os mortos estão o ex-prefeito Jorge Carvalho, o ex-delegado João Sacramento, o ex-prefeito Delmiro Miranda, Floro Calheiros e a companheira dele, Paulínea, e o ex-delegado de Serrinha, conhecido como Zacarias.

O advogado Ecliê Ferreira estranha o fato de existir sobrevivente. “A testemunha ocular do crime permanece viva até hoje”, considerou o advogado, referindo-se à viúva Gedalva Rodrigues. “Vou provar que ela [a viúva] sabia que ia acontecer a morte do marido. Ela sabia que ele ia morrer naquela hora e naquele dia, mas não sei se esta tese vai ser acatada pelos jurados”, observou.

O julgamento prossegue no Fórum Gumersindo Bessa, em Aracaju, sob o comando da juíza Olga Silva Barreto, da 5ª Vara Criminal. O promotor Émerson Oliveira, representa o Ministério Público. A denúncia do sargento Bezerra e do ex-delegado e ex-vereador Zacarias foi feita pelo MPE no dia 31 de agosto de 1995 e foi assinada pelo promotor Sílvio Euzébio, que à época atuava na promotoria de Canindé do São Francisco.

Portal Infonet tentou localizar as irmãs Hortência Carvalho e Marlene Rocha, mas não obteve êxito. A Infonet permanece à disposição de ambas. Informações poderão ser encaminhadas por e-mail [jornalismo@infonet.com.br] ou por telefone: (79) 2106 – 8000.

Por Cássia Santana:Infonet

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